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Dia da consciência negra

 

Desde o início da década de 1970, os brasileiros têm comemorado o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro. A data foi escolhida justamente por ter sido o dia em que Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra ao regime escravocrata, foi assassinado, em 1695. Seu objetivo é fazer refletir sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e sobre a questão da igualdade racial.

Embora ainda não seja um feriado nacional, o Dia da Consciência Negra têm estimulado centenas de municípios a decretarem feriado ou ponto facultativo, a fim de comemorar e refletir sobre o significado deste dia. Em 2003, a data foi incluída no calendário escolar.

Além da festa e da lembrança histórica, a data foi idealizada para marcar e abrir o debate sobre as políticas de ações afirmativas para o acesso dos negros, ao que um Estado democrático de direito deve oferecer a todo e qualquer cidadão: direito à educação (inclusive superior), à saúde, à justiça social, entre outros aspectos. Mesmo que o mito da democracia racial brasileira seja cantado em verso e prosa por todos os cantos desse mundo domesticado, pelo pensamento politicamente correto, precisamos ter consciência de que as feridas abertas por três séculos pelo regime escravocrata no Brasil ainda precisam ser sanadas verdadeiramente; assim como o déficit social e a carga de preconceito que o rastro desse longo período deixou.

Neste especial, veremos como e por que o Dia da Consciência Negra foi criado. Além disso, falaremos sobre a vida e trajetória de Zumbi dos Palmares; sobre os quilombos e as comunidades quilombolas; sobre a cultura afro-brasileira na educação e quais são os municípios brasileiros que decretaram feriado nessa data.

Como surgiu o Dia da Consciência Negra

O idealizador do Dia Nacional da Consciência Negra foi o poeta, professor e pesquisador gaúcho Oliveira Silveira (1941 - 2009). Ele era um dos fundadores do Grupo Palmares, que reunia militantes e pesquisadores da cultura negra brasileira, em Porto Alegre.

Em 1971 (mesmo ano de fundação do grupo), ele propôs uma data que comemorasse a tomada de consciência da comunidade negra sobre seu valor e sua contribuição ao país. Escolheu o dia 20 de novembro, por ser o possível dia da morte de Zumbi dos Palmares, que ocorreu em 1695. Era era muito mais significativo e emblemático do que comemorar o dia 13 de maio, Dia da Abolição da Escravatura, quando o regime escravocrata estava falido e não havia mais como se manter. Abordamos melhor os aspectos históricos que levaram ao fim da escravidão e suas consequências imediatas no.

O 20 de novembro foi celebrado pela primeira vez naquele mesmo ano de 1971. A ideia se espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial e, no final dos anos 1970, já aparecia como proposta nacional do Movimento Negro Unificado. De lá para cá, a data tem motivado a promoção de fóruns, debates e programações culturais sobre o tema em todo o país.

O fim da escravidão e suas consequências para os ex-escravos

Vale lembrar que em 1888, quando a Lei Áurea foi assinada, o Brasil era um dos últimos países no mundo a abolir a escravidão. Eternizada no tempo (e nas cartilhas escolares), como uma liberdade concedida de forma paternalista pela princesa Isabel, a abolição foi, sobretudo, uma consequência natural para anos de atuação e luta de escravos, libertos, intelectuais, jornalistas negros e mestiços, em prol de seus próprios direitos.

Antes mesmo de 1888, a escravidão vinha dando sinais de declínio. Um pouco devido às medidas do governo imperial, que na verdade, pouco tinham de efetivas. A Lei do Ventre Livre - de 1871 - que declarava livres os filhos de mulher escrava nascidos após a lei. Porém, a criança ficava com a mãe até os 8 anos de idade e, a partir daí, o senhor podia optar entre ficar com ela até que ela completasse 21 anos, ou entregá-la ao Estado mediante uma indenização. Na realidade, poucas crianças foram entregues ao Estado, que não indenizava corretamente quem as entregava. No final das contas, grande parte ficava prestando serviços aos senhores até a maioridade. Outra lei foi a dos Sexagenários (ou Lei Saraiva-Cotegipe), de 1885, que concedia liberdade aos escravos maiores de 60 anos. O detalhe é que poucos escravos conseguiam chegar à essa idade.

O regime escravocrata foi perdendo força graças à crescente atuação do movimento abolicionista e ao próprio desinteresse de algumas províncias em manter tal sistema. O Ceará, por exemplo, declarou a extinção da escravidão em 1885, por conta própria. Neste período, era cada vez mais crescente as fugas em massas de escravos. A elite cafeeira paulista, pressentindo o final do escravismo, apressou os planos para iniciar a imigração.

A Lei Áurea que simplesmente declarava “extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil” (em apenas dois artigos), não atendia a vida pós-escravidão. Não havia políticas públicas que abrangessem alimentação, moradia, educação, emprego ou qualquer outra reparação de anos e anos de sofrimento. Essa “falta de visão” de nossos governantes daria brecha a muitas discriminações e desigualdades, sentidas até hoje. Oliveira Silveira - o idealizador do Dia da Consciência Negra - escreveria em seu poema “Dia da Abolição da Escravatura” o seguinte verso: “Treze de maio traição, liberdade sem asas e fome sem pão”.

Segundo o historiador Boris Fausto, o destino dos ex-escravos variou de acordo com a região do país. No Nordeste, a maioria transformou-se em dependentes dos grandes proprietários. No Vale do Paraíba, muitos viraram parceiros nas fazendas decadentes e, mais tarde, pequenos sitiantes ou peões para cuidar do gado. No centro urbano de São Paulo, os empregos estáveis acabaram ficando com os imigrantes, deixando aos ex-escravos somente os serviços irregulares e mal pagos. Já no Rio de Janeiro, cuja carga de imigrantes foi menor, os ex-escravos tiveram oportunidades melhores pois, antes mesmo da abolição, muitos já trabalhavam nas oficinas artesanais e manufaturas.

Diz ainda Fausto: “apesar das variações de acordo com as diferentes regiões do país, a abolição da escravatura não eliminou o problema do negro. A opção pelo trabalhador imigrante, nas áreas regionais mais dinâmicas da economia, e as escassas oportunidades abertas ao ex-escravo, em outras áreas, resultaram em uma profunda desigualdade social da população negra. Fruto em parte do preconceito, essa desigualdade acabou por reforçar o próprio preconceito contra o negro. Sobretudo nas regiões de forte imigração, ele foi considerado um ser inferior, perigoso, vadio e propenso ao crime; mas útil quando subserviente”.

Quem foi Zumbi dos Palmares

Zumbi entrou para a história do Brasil como símbolo da resistência negra contra a escravidão e como o último chefe do Quilombo dos Palmares, um dos mais emblemáticos quilombos da época colonial.

Ele nasceu em 1655, na região de Palmares (Estado de Alagoas). Apesar de ter nascido livre, foi capturado pela expedição de Brás da Rocha Cardoso (capitão mor do que seria, hoje, o Estado de Sergipe), aos seis ou sete anos de idade apenas. Foi entregue ao padre Antônio Melo, em Porto Calvo, sendo batizado com o nome de Francisco. Aprendeu português e latim, foi iniciado na religião católica e chegou a auxiliar na celebração de missas, como coroinha. Porém, aos 15 anos, resolveu que seu destino era voltar para onde havia nascido e viver como seus iguais no quilombo. Fugiu para Palmares e adotou o nome de Zumbi, que tem significados variados (guerreiro, morto-vivo, espírito presente, entre outros). Acredita-se ainda que o nome tenha vindo mesmo de “Nzumbi”, título que os bantos, um povo africano, atribuíam ao líder militar e religioso.

O primeiro grande chefe do Quilombo dos Palmares foi Ganga Zumba, tio de Zumbi. Ele chegou a assinar, em 1678, um acordo de paz com o governo de Pernambuco. Zumbi e seus partidários não concordaram com esse tratado, dando início a uma guerra interna. O final do conflito veio com a morte de Ganga Zumba, envenenado por um dos partidários de seu sobrinho. Com isso, Zumbi tornou-se líder dos palmarinos, chefiando a resistência contra os portugueses.

O Quilombo dos Palmares estava localizado na Serra da Barriga, hoje região que pertence ao município de União dos Palmares. Foi um dos maiores quilombos já existentes. Alguns estudiosos acreditam que o seu surgimento tenha ocorrido entre 1597 e 1580, quando alguns escravos fugiram de engenhos de açúcar, localizados no litoral de Pernambuco. Com o tempo, o quilombo foi atraindo cada vez mais escravos que fugiam de seus senhores, cujos engenhos foram se desagregando devido às invasões holandesas no Nordeste, no período de 1624 a 1654. Além dos ex-escravos negros, Palmares abrigava mestiços, índios e brancos pobres e/ou marginalizados.

Muitos especulam que na década de 1670, a população de Palmares tenha atingido aproximadamente 20 mil habitantes, dividida em dez comunidades. A maior delas - Macaco - fazia o papel de capital, pois era o centro político e concentrava o maior número de habitações (cerca de 1.500). As outras comunidades tinham nomes como Subupira, Zumbi, Tabocas.

A Coroa portuguesa e o poder colonial tentaram dar fim ao quilombo por diversas vezes. Oficialmente, foram organizadas 16 expedições, sendo 15 fracassadas devido às condições da localização geográfica do quilombo - região montanhosa-, e da grande habilidade em estratégia militar de Zumbi e seus quilombolas.

A última expedição, comandada pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, conhecido caçador de índios, foi a última e vitoriosa tentativa de acabar com Palmares. Para isso, ele ganhou plenos poderes, dinheiro (muito, por sinal) e perdão pelos crimes passados e futuros. Seu primeiro ataque, em 1692, fracassou; mas dois anos depois ele voltou com um contingente enorme de homens e de munições. O quilombo resistiu por 22 dias, mas foi derrotado em 6 de fevereiro de 1694.

Zumbi fugiu, mas um de seus companheiros o delatou, sob tortura. O líder dos Palmares foi encontrado em uma emboscada, na Serra Dois Irmãos, e morto em 20 de novembro de 1695. Não se sabe se ele foi assassinado ou se cometeu suicídio. Sua cabeça foi cortada e exibida em um poste em Recife. Após séculos, sua história e sua coragem foram transformadas em símbolos para a comunidade afro-brasileira.

O que eram os quilombos e o que são as comunidades quilombolas.

A cultura afro-brasileira e o seu lugar na educação

Quilombos eram redutos, afastados dos centros urbanos, que reuniam principalmente ex-escravos negros que fugiam de seus senhores em busca de liberdade. Eventualmente, alguns índios e brancos pobres também habitavam os quilombos.

Geralmente, localizavam-se em locais de difícil acesso, como no meio de matas ou em montanhas. Seus habitantes, chamados “quilombolas”, formavam comunidades que buscavam manter suas tradições religiosas e culturais; alguns chegavam a reproduzir a organização social africana. Sobreviviam por meio da pesca, da caça, da coleta de frutas e da agricultura; também praticavam o comércio dos excedentes com as populações ao redor.

Houve quilombos de diversos tamanhos, alguns pequenos, com apenas vinte ou trinta habitantes, e outros grandes, com centenas ou milhares de habitantes. Na época colonial, o Brasil chegou a ter centenas destas comunidades espalhadas, principalmente, pelos atuais estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Alagoas. Este último foi refúgio do mais célebre de todos: o Quilombo dos Palmares.

Muitos quilombos sobreviveram e permaneceram ativos, mesmo após a abolição da escravatura, graças ao difícil acesso de suas localizações. Grande parte dessas comunidades está situada em estados das regiões Norte e Nordeste. São as chamadas comunidades quilombolas, cujos habitantes são descendentes dos antigos escravos negros. Por terem se mantido mais isolados, acabam por apresentar as tradições culturais, sociais e religiosas como nos séculos passados.

As comunidades quilombolas são definidas como grupos étnico-raciais, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas e com ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida conforme o Decreto Federal nº 4.887, de 20 de novembro de 2003. Essas comunidades possuem direito de propriedade de suas terras, consagrado desde a Constituição Federal de 1988.

Atualmente, existem mais de 1.500 comunidades quilombolas espalhadas pelo território nacional, certificadas pela Fundação Palmares, vinculado ao Ministério da Cultura, cuja finalidade é promover e preservar a cultura afro-brasileira.

No site da Fundação Palmares, você pode acessar dados sobre as comunidades quilombolas de todo o Brasil, certificadas por esse órgão. A fundação presta assessoria e desenvolve programas e projetos voltados a essas comunidades.

No Estado de São Paulo, o órgão responsável pelo reconhecimento dos quilombos e de seus territórios é o Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo), ligado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania.

Das comunidades remanescentes de quilombos apontadas, 27 já foram reconhecidas; 6 delas estão tituladas pelo governo, em terras devolutas. 

 

Em 2003, a Lei Federal nº 10.639 incluiu o dia Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar, e tornou obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio, públicas e particulares.

Tendo em vista que a influência do negro marcou profundamente a identidade e a cultura nacionais, o reconhecimento e a inclusão dos conteúdos relativos à África e ao povo africano no currículo das escolas foram de extrema importância, mesmo que tenham sido somente no início do século 21. Dessa forma, os professores devem incluir em seus programas aulas sobre: história da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.

É claro que essa mudança não é automática nem simples, pois foram anos e anos de uma prática educacional onde o negro só aparecia nos pontos que discorriam sobre a escravidão no Brasil. É preciso fazer reconhecer a participação do africanos na construção do país, seu legado cultural e sua participação no desenvolvimento brasileiro; inclusive, partindo da visão dos africanos e dos afro-descendentes, não somente do ponto de vista eurocêntrico (dos europeus) ou dos ditos dominantes, que acabavam dominando as leituras didáticas.

Conhecer e reconhecer o ponto de vista do negro e valorizar sua contribuição cultural não só diz respeito aos afro-descendentes, mas a todos nós, frutos de uma sociedade multicultural: a sociedade brasileira.

Sobre o tema da educação das relações étnico-raciais e do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, sugerimos uma visita ao site do Ministério da Educação (MEC), onde há diversas publicações sobre o tema.

 

As comemorações do Dia da Consciência Negra e municípios que decretaram feriados

O Dia da Consciência Negra não é um feriado nacional, mas existe um projeto de lei em tramitação (na verdade, o Substitutivo da Câmara dos Deputados ao Projeto de Lei do Senado nº 520 de 2003), que declara a data como feriado nacional. Ele foi aprovado em outubro deste ano e agora só está à espera da sanção da Presidência.

Enquanto a data não é comemorada em todo o território nacional oficialmente, cabe aos municípios decretarem ou não feriado ou ponto facultativo neste dia. O Rio de Janeiro foi o primeiro município a instituir o feriado (desde 1995). Por ora, quatro Estados da União decretaram feriado estadual: Alagoas, Amapá, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. No Mato Grosso do Sul, o feriado estadual foi derrubado pelo Tribunal de Justiça do Estado, em outubro deste ano, considerando-o anticonstitucional, sob a argumentação de que esta lei interfere nas relações trabalhistas, que seria uma competência da União.

 

 

 

Literatura e Cultura

A música brasileira tem como sua maior influência a música africana, trazida pelos escravos, com seus ritmos frenéticos e instrumentos rudimentares. Mas esta não foi a única influência que desembarcou nos portos brasileiros na época da colonização. Os colonizadores europeus trouxeram o erudito, a dança de salão, os saraus e a música religiosa, totalmente contrastante com os cantos geralmente uníssonos e responsórios dos índios. Enquanto, na opinião de alguns historiadores, a mestiçagem dos povos foi uma desgraça para o Brasil, ela foi elementar para a formação cultural do país, e só teve seu início oficial após a abolição da escravatura em 1888.  A mistura dessas culturas diversas se tornou responsável pelo que conhecemos como música brasileira hoje.

 

 

O primeiro ritmo musical originalmente brasileiro foi o maxixe, formado a partir de uma mistura entre o "lundu" (este termo significa umbigada e é uma espécie de samba muito sensual praticado nas rodas dos escravos) e a "modinha"  portuguesa (composição suave, geralmente romântica, tocada na viola e dançada em salões). Com a umbigada do lundu e a poesia da modinha a identidade musical brasileira tomava forma. Por volta dos anos 1880 surgia um novo jeito de se fazer música no Brasil, no subúrbio da então capital Rio de Janeiro. Era uma forma mais charmosa e chorosa de se tocar as canções populares vindas da Europa, o que começou a ser chamado de “choro”. 

O Choro nascera mais precisamente como uma forma musical (utilizava-se frequentemente a forma de Rondó) do que como um gênero de fato. O virtuosismo e o reconhecimento dos músicos eruditos na época eram notáveis, tanto que os músicos brasileiros também queriam executar tais obras, mas da sua maneira. O jeitinho brasileiro de se fazer música foi criando forma, a versatilidade, a improvisação e a habilidade dos músicos se tornaram características do "choro". Reuniam-se músicos próximos, geralmente violonistas, flautistas e cavaquistas, e atuavam como "orquestras portáteis", se apresentando em estabelecimentos comerciais. Um nome importante do início do Choro, responsável pela formação de vários conjuntos de músicos, foi o do flautista Joaquim Antônio da Silva Calado, ou simplesmente, Calado.

As primeiras gravações musicais no país datam do início de 1900 e acabaram impulsionando a música como negócio e como objeto de consumo e lazer. Os primeiros encontros sociais para apreciação de música aconteciam nas confeitarias, onde a alta sociedade se reunia para tomar chá enquanto ouvia grandes músicos da época.  Também dentre as décadas de 10 e 20 era forte a presença de uma música feita longe dos grandes centros brasileiros: a música sertaneja. Como exemplo desta música sertaneja podemos citar a canção Luar do Sertão, composta por Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, muito diferente da música sertaneja que conhecemos nos dias de hoje. 

O entrudo, como era originalmente chamado o carnaval de rua, foi trazido pelos europeus para o Brasil no final do século XVIII. Enquanto as classes média e alta faziam sua folia dentro de salões, com passeios e bailes de máscaras que imitavam os grandes bailes de Paris, a classe baixa organizava "cordões carnavalescos" nas ruas, fazendo marchas pelas ruas e criando, consequentemente, o samba. Diferente do samba que conhecemos hoje, o samba das marchinhas de carnaval era chamado de "marcha rancho" e inicialmente era tocado com instrumentos de sopro. Ainda com a abolição da escravatura, muitos negros saíram da Bahia para viver no Rio de Janeiro. Esse movimento foi fundamental para a criação do samba por volta dos anos 1910, e teve como figura importante o músico, compositor e violonista Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, que gravou o primeiro samba: Pelo Telefone. O samba chegou ao seu auge com a época de ouro do rádio brasileiro, na década de 30. 

Com o crescimento do rádio e da gravação elétrica no final dos anos 20, ser musico se tornava oficialmente uma profissão. As grandes rádios possuíam orquestras que tocavam ao vivo durante os programas, que eram apresentados em teatros e vistos por plateias. Havia concursos que elegiam as melhores e mais charmosas cantoras e acabaram criando verdadeiros deuses e deusas da música brasileira. Como primeiro meio de comunicação midiático do país, o rádio se tornou uma fonte universal de informações e entretenimento. Nomes como Carmem Miranda, Ary Barroso e Pixinguinha surgiram. 

 

Logo a televisão chegou ao país, enquanto ia tomando o lugar do rádio nas casas das classes sociais mais altas, na década de 50 um novo movimento nascia no Rio de Janeiro. O pontapé inicial da Bossa Nova foi dado por Elizeth Cardoso, ao gravar o LP intitulado "Canção do Amor Demais". Logo artistas como João Gilberto, Vinicius de Moraes e Tom Jobim surgiram, inovando a música brasileira. Eram músicas inovadoras, pois suas composições tratavam sobre assuntos com caráter apreciativo, exaltação da beleza, criadas a partir de associações entre palavras esteticamente semelhantes, e sua elaboração harmônica era muito desenvolvida, abusando de escalas e sonoridades não usadas nos outros estilos brasileiros.

A Bossa Nova se tornou uma referência da música nacional. Em 1962 um show intitulado "New Brazilian Jazz Music" aconteceu em Nova York, colocando os grandes nomes do gênero em evidência em outros países. Tom Jobim foi um dos artistas que foi profundamente beneficiado com esse show, vendeu muitas de suas músicas para fazer versões em inglês e acabou vivendo nos Estados Unidos por bastante tempo.

Paralelo ao sucesso da Bossa Nova, um novo gênero vindo de fora do país começava a interessar jovens no país. O rock de Elvis Presley e dos Beatles influenciava jovens que também queriam formar suas bandas em casa. Também interessada nesse sucesso e na repercussão que o rock causava entre os jovens, um dos canais de televisão da época criou a "Jovem Guarda". O programa conquistou fãs de todas as idades, tornando-se popular e literalmente ditando moda, já que era possível encontrar muitos jovens nas ruas com roupas semelhantes aos ídolos da televisão. Nomes muito importantes do movimento eram Roberto Carlos, Wanderléa, Nalva Aguiar, entre outros.

Os canais de televisão faziam grandes festivais em teatros, onde apresentavam muitos artistas ao público a cada edição. A MPB (música popular brasileira) estava se formando, tanto como movimento cultural como protestante contra a ditadura militar no país, e apresentou ao público nomes como Chico Buarque, Geraldo Vandré e Edu Lobo. A transição para a década de 1970 foi marcada pela consolidação da MPB, termo que sugeria um tipo de música mais sofisticada do que a feita em outras tendências também populares dentro da música brasileira. Com o passar dos anos mais artistas despontavam, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Elis Regina e Maria Bethânia.

Logo após a MPB, outros dois movimentos tomavam espaço: a Tropicália e o Iê-Iê-Iê. O movimento tropicalista caracterizou-se por associar numa mistura de elementos da cultura pop, os baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil foram os principais expoentes desse movimento. Já o Iê Iê Iê ligava-se basicamente ao rock genuinamente produzido no exterior, embora no Brasil tenha suavizado adotando uma temática romântica em uma abordagem geralmente mais ingênua que a música internacional. Teve como grandes nomes Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Tim Maia, Wanderléa, José Ricardo, Wanderley Cardoso e conjuntos como Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys, The Fevers.

Durante os anos oitenta nascia dentro do rock brasileiro o movimento BRock, com o surgimento de artistas como Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Ultraje a Rigor e Legião Urbana. No final da década de 1980, gêneros populares ou regionais como o sertanejo, o pagode e o axé music passaram a ocupar espaço considerável nas emissoras de rádio FM e canais de TV.

A música não parou desde então. Grandes nomes desses estilos citados passavam de um movimento para o outro, enquanto construíam suas carreiras. Muitos estão vivos e ativos artisticamente até hoje. Roberto Carlos se tornou “o rei do pop”, Paralamas do Sucesso, Titãs, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre tantos outros, continuam na mídia com trabalhos recentes.
 

Esse texto foi escrito por Adriane Fernandes

História da Música Brasileira 

Musicas de 1950

A década de 1950, ou simplesmente década de 50 ou ainda anos 50 foi o período de tempo entre 1 de janeiro de 1950 e 31 de dezembro de 1959. e recebeu a alcunha de Anos dourados. É considerada uma época de transição entre o período de guerras da primeira metade do século XX e o período das revoluções comportamentais e tecnológicas da segunda metade. Nesta época teve início a chegada da televisão em Portugal e no Brasil. Esta época também foi considerada a "idade de ouro" do cinema e também foi a época de importantes descobertas científicas como o ADN (Ácido Desoxirribonucléico, ou DNA). O campeão da Copa do Mundo em 1950 foi, pela segunda vez, o Uruguai. Em 1954 a Alemanha Ocidental conquistou a Taça do Mundo pela primeira vez. Em 1958, a Seleção Brasileira de Futebol faturou também o seu primeiro título mundial.
Os anos 50 foram marcados por grandes avanços científicos, tecnológicos e mudanças culturais e comportamentais. Foi a década em que começaram as transmissões de televisão, provocando uma grande mudança nos meios de comunicação. No campo da política internacional, os conflitos entre os blocos capitalista e socialista (Guerra Fria) ganhavam cada vez mais força. A década de 1950 é conhecida como o período dos "anos dourados".

Cinema
Alice in Wonderland (1951)
Cinderella (1950)
Lady and the Tramp (1955)
Peter Pan (1953)
Sleeping Beauty (1959)
Sinzeen Lain Fair (1959)

Música
Surge o Rock N' Roll,nos Estados Unidos que repercutiu mundialmente com os cantores Bill Haley,Elvis Presley,Chuck Berry,Chubby Cheker entre outros.
Rockabilly

Cultura e Arte
No dia 20 de outubro de 1951, é inaugurada a I Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
Alguns vídeos:

Estilos musicais nos anos 50,60 e 70

A década de 1960, ou simplesmente década de 60 ou ainda anos 60 foi o período de tempo entre 1 de janeiro de 1961 e 31 de dezembro de 1970.
Vários países ocidentais deram uma guinada à esquerda no início da década, com a vitória de John F. Kennedy nas eleições de 1960 nos Estados Unidos, da coalizão de centro-esquerda naItália em 1963 e dos trabalhistas no Reino Unido em 1964. No Brasil, João Goulart virou o primeiro presidente trabalhista com a renúncia de Jânio Quadros.

Cultura e Arte
Em dezembro de 1967 é criada a FUNAI (Fundação Nacional do Índio).
Em abril de 1968, é lançado um grande sucesso do cinema: 2001, Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick.
Inauguração do MASP (Museu de Arte de São Paulo) em 7 de novembro de 1968.
O movimento hippie ganha força nesta década.
A cultura foi impulsionada e espelhada, na década anterior, de 50, na qual o mundo todo encontrava-se em mudança cultural nos mais variados grupos sociais.

Música
Em novembro de 1962 é gravado o primeiro disco dos Beatles intitulado Please, Please, Me. O lançamento ocorre em março de 1963. Esta década foi marcada pelo grande sucesso musical desta banda de rock.
No I Festival de MPB (1965), com a canção Arrastão, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, Elis Regina começa a fazer sucesso no cenário musical brasileiro.
No final da década tem início o tropicalismo, importante movimento cultural brasileiro.
Janis Joplin é o símbolo do movimento de contracultura na música.

 

Musicas de 1960

Março de 1970 - Depois de muito sucesso, acaba a banda de rock Beatles.
16 de agosto de 1977 - Morre o rei do rock, Elvis Presley.
Bandas de sucesso da década de 1970:
- Brasil:
- Internacionais: Deep Purple, Black Sabath, Rolling Stones, Led Zeppelin, Kiss, Aerosmith, AC/DC, Sex Pistols, The Clash, The Ramones, Bee Gees, Queen, Iron Maiden, The Police, Pink Floyd,
Músicos que fizeram sucesso:
- Brasil: Gilberto Gil, Roberto Carlos, Caetano Velos, Elis Regina,João Gilberto, Gal Costa, Tom Jobim, Erasmo Carlos, Rita Lee, Chico Buarque, Clara Nunes, Jair Rodrigues, Jorge Ben Jor, Raul Seixas, Tim Maia, Vinicius de Moraes,
- Internacionais: David Bowie, Elton John, John Travolta, Donna Summer, Elvis Presley, Rod Stewart, John Lennon,  Bob Marley.

 

Musicas de 1970

 

Estilos musicais nos anos 80,90 e 2000

Literatura africana autores

Albino Fragoso Francisco Magaia (Lourenço Marques27 de Fevereiro de 1947-27 de Março de 2010) foi um jornalistapoeta e escritor moçambicano.

Na sua juventude, foi membro do Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM).

Foi director do semanário Tempo e secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos.

 

Obras publicadas

·         Assim no tempo derrubado. Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1982. (poesia)1

·         Yô Mabalane!. Maputo, Cadernos Tempo, 1983. (novela)

·         Malungate. Maputo, Associação dos Escritores Moçambicanos, 1987. Colecção Karingana. (novela)

Albino Magaia

 Calane Silva 

A sociedade africana, a música é um elemento indispensável no cumprimento de certos ritos sociais e religiosos. Os instrumentos musicais não servem apenas para tocar, aparecendo, similarmente, como veículos de correspondência com os outros e com a divindade. Por vezes, adquirem o poder de invocar entes espirituais com fins curativos e, nalguns casos, tornam-se mesmo a voz da divindade e dos antepassados.

Na África, há uma grande variedade de instrumentos musicais e talvez este seja o continente onde eles são mais originais, devido à pobreza dos materiais usados. Peles, madeira, fibras vegetais, cabaças, pedras e, mais raramente, o ferro são as matérias-primas com que se fabricam tais instrumentos.

A expressão «música africana» não é correta. Seria mais exato falar de «músicas africanas tradicionais», uma vez que a África é um mosaico de grupos étnicos, cada um com o seu património histórico e cultural próprio. Contudo, apesar das numerosas e variadas singularidades das tradições musicais de cada povo, notam-se nessas tradições muitas características técnicas, culturais e sociais comuns, fruto de contactos e intercâmbios recíprocos. 

Um dos influxos culturais que a África sofreu veio do exterior. A partir do século VII, deu-se a introdução da cultura árabe. O alargamento às zonas subsarianas prolongou-se nos séculos seguintes. A influência islâmica fez-se sentir sobretudo no âmbito dos instrumentos musicais. 

A música africana não adotou nem o sistema de escrita nem as pautas. Toca-se de ouvido e a sua harmonia não é complexa, andando vinculada à melodia e às escalas, enquanto que a música europeia, nomeadamente após o barroco, se baseia essencialmente no sistema de acordes. Emprega, na essência, a escala pentatónica, embora, por vezes, se sirva, de igual modo, da escala de seis e sete tons e, inclusive, de escalas mais alargadas. 

Com efeito, na cultura africana, a música faz parte do quotidiano das populações e está relacionada com uma imensidão de atividades sociais. Em diversas ocasiões, é meio de transmissão de mensagens e informações. Estas mensagens não têm, porém, uma função puramente informativa, fazendo, igualmente, referência aos significados simbólicos da música relativos ao desempenho do poder, aos ciclos das estações do ano, ao culto dos antepassados, entre outros. A música serve, de modo similar, de apoio aos cânticos durante o trabalho e à dança. As canções que as mulheres entoam enquanto moem o trigo no pilão têm por finalidade coordenar o esforço e marcar a cadência, para que cada uma delas desfira a pancada na altura certa. 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A África distante, cada vez mais.

A presença africana na música brasileira, pelo menos em referências expressas, vai se tornando cada vez mais rarefeita. Aparece, via Jamaica, no carnaval dos blocos afro baianos e nos sambas-enredo das escolas cariocas e paulistanas – especialmente nas homenagens a divindades. Mas nada de modo tão intenso como ocorre na música que se faz em Cuba e em outros países do Caribe.

Mesmo com a explosão comercial da chamada salsa, a partir de Porto Rico e via Miami, na música afro-caribenha de hoje é raro um disco que não contenha pelo menos uma cantiga inspirada em temas da religiosidade africana e interpretada com fervor apaixonado. Tito Puente, Mongo Santamaría, Célia Cruz, Rubén Bladez e muitos outros são exemplos fortes, o mesmo não acontecendo no Brasil, pelo menos na música mais largamente consumida.

No Brasil, o samba, a partir da década de 1990, apesar da voga inicial de grupos cujos nomes, mas só os nomes, evocavam a ancestralidade africana (Raça Negra, Negritude Júnior, Suingue da Cor, Os Morenos etc.), entendemos que foi se transformando em um produto cada vez mais fútil e imediatista para se preocupar com etnicidade. E isto talvez por conta do conjunto de estratégias de desqualificação que ainda hoje sustentam as bases do racismo antinegro no Brasil. É esse racismo que, no nosso entender, vai cada vez mais separando coisas indissociáveis, como o samba e a macumba, a ginga e a mandinga, a música religiosa e a música profana, desafricanizando, enfim, a música popular brasileira. Ou “africanizando-a” só na aparência, ao sabor de modas globalizantes made in Jamaica ou Bronx.

Desafricanização, como sabemos, é o processo por meio do qual se tira ou procura tirar de um tema ou de um indivíduo os conteúdos que o identificam como de origem africana. À época do escravismo, a principal estratégia dos dominadores nas Américas era fazer com que os cativos esquecessem o mais rapidamente sua condição de africanos e assumissem a de “negros”, marca de subalternidade. Isto para prevenir o banzo e o desejo de rebelião ou fuga, reações freqüentes, posto que antagônicas.

O processo de desafricanização começava ainda no continente de origem, com conversões forçadas ao cristianismo, antes do embarque. Depois, vinha a adoção compulsória do nome cristão, seguido do sobrenome do dono o que representava, para o africano, verdadeira e trágica amputação. Então, vinham as distinções clássicas entre “da costa” e “crioulo”, entre “boçal” e “ladino”.

Acreditamos que a música popular brasileira, de raízes tão acentuadamente africanas, seja vítima de um processo de desafricanização ainda em curso. Senão, vejamos. Quando a bossa-nova resolveu simplificar a complexa polirritmia do samba e restringir sua percussão ao estritamente necessário, não estaria embutido nesse gesto, tido apenas como estético, uma intenção desafricanizadora? E quando a indústria fonográfica procura modernizar os ritmos afro-nordestinos (de maracatu para mangue-beat, por exemplo), não estará querendo fazer deles menos “boçais” e mais “ladinos”, pela absorção de conteúdos do pop internacional?

Pois esse pop milionário, sem pátria e sem identidade palpável (mesmo quando pretende ser “étnico”), é exatamente aquela parte da música dos negros americanos que a indústria do entretenimento desafricanizou.

 

Cantores

http://www.abordo.com.br/inabra/texto5.htm

 

Raul Alves Calane da Silva (Maputo20 de Outubro de 1945) é um poetaescritor e jornalista moçambicano.1

Calane da Silva coordenou a Gazeta Artes e Letras da revista Tempo, em 1985, e foi chefe da redação da Televisão Experimental de Moçambique, em 1987.

 

Obras publicadas

  • Os meninos da mangala

  • Xicandarinha na lenha do mundo. Maputo: Associação dos Escritores

  • Olhar Moçambique. Maputo: Centro de Formação Fotográfica, 1994

  • Gotas de Sol. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 2006.

  • A Pedagogia do Léxico. O Estiloso Craveirinha. As escolhas leixicais bantus, os neologismos luso-rongas e a sua função estilística e estético-nacionalista nas obras Xigubo e Karingana wa Karingama. Maputo: Imprensa Universitária, 2002.

  • Gil Vicente: folgazão racista? (O riso e o preconceito racial no retrato de algumas minorias na obra vicentina). Maputo: Imprensa Universitária, 2002

  • Tão bem palavra: estudos de linguística sobre o português em Moçambique com ênfase na interferência das línguas banto no português e do português no banto.

 

Eduardo White

Eduardo White é um poeta de Moçambique.

Nasceu em Quelimane em 1963. É membro da Associação dos Escritores Moçambicanos - AEMO.

 

Obras publicadas

·         Amor sobre indícios

·         Homoíne (1987)

·         “País de Mim (1990); Prémio Gazeta revista Tempo

·         Poemas da Ciência de Voar e da Engenharia de Ser Ave (1992); Prémio Nacional de Poesia

·         Os Materiais de Amor Seguido de O Desafio à Tristeza (1996)

·         Janela para Oriente (1999)

·         Dormir com Deus e um Navio na Língua (2001); bilingue português/inglês; Prémio Consagração rui de Noronha (Editora Labirinto)

·         As Falas do Escorpião (novela; 2002)

·         O Homem a Sombra e a Flor e Algumas Cartas do Interior (2004)

·         O Manual das Mãos (2004); Grande Prémio de Literatura José Craveirinha, Prémio TVZine para literatura

·         Até Amanhã Coração (2007)

·         Dos Limões Amarelos do Falo, às Laranjas Vermelhas da Vulva (2009); Prémio Corres da Escrita

·         Nudos (2011), Antologia da sua obra poética

·         O Libreto da Miséria (2010-2012)

·         A Mecânica Lunar e A Escrita Desassossegada (2012)

José Craveirinha

José João Craveirinha (Lourenço Marques28 de Maio de 1922 — Maputo6 de Fevereiro de 2003) é considerado o poeta maior de Moçambique. Em 1991, tornou-se o primeiro autor africano galardoado com o Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário da língua portuguesa.

 

Livros publicados

 

  • Xigubo. Lisboa, Casa dos Estudantes do Império, 1964. 2.ª ed. Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1980

  • Cantico a un dio di Catrame (bilingue português/italiano). Milão, Lerici, 1966 (trad. e prefácio Joyce Lussu)

  • Karingana ua karingana. Lourenço Marques, Académica, 1974. 2.ª ed., Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1982

  • Cela 1. Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1980

 

 Lília Momplé

 

Lília Maria Clara Carrièrre Momplé nasceu em Nampula, Moçambique. A sua descendência familiar é uma mistura de vários elementos étnicos, incluindo macua, francês, indiano, chinês e mauriciano. Frequentou o Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa e terminou com uma licenciatura em Serviço Social. Em 1995, tornou-se secretária-geral da Associação Moçambicana de Autores, cargo que desempenhou até 2001. Representou também Moçambique em várias reuniões internacionais.

 

Obras

  • Ninguém matou Suhura. Maputo, Associação dos Escritores Moçambicanos, 1988, Colecção Karingana, n.º 7

  • Neighbours. Maputo, Associação dos Escritores Moçambicanos, 1995. 2.ª ed., 1999. Colecção Karingana, n.º 16 [1]

  • Ilustração da capa: óleo de Catarina Temporário

  • Os olhos da cobra verde. Maputo, Associação dos Escritores Moçambicanos, 1997. Colecção Karingana, n.º 18

 

Mia nasceu e foi escolarizado na Beira. Com catorze anos de idade, teve alguns poemas publicados no jornal Notícias da Beira e três anos depois, em 1971, mudou-se para a cidade capital de Lourenço Marques (agora Maputo). Iniciou os estudos universitários em medicina, mas abandonou esta área no princípio do terceiro ano, passando a exercer a profissão de jornalista depois do 25 de Abril de 1974. Trabalhou na Tribuna até à destruição das suas instalações em Setembro de 1975, por colonos que se opunham à independência. Foi nomeado diretor da Agência de Informação de Moçambique (AIM) e formou ligações de correspondentes entre as províncias moçambicanas durante o tempo da guerra de libertação. A seguir trabalhou como diretor da revista Tempo até 1981 e continuou a carreira no jornal Notícias até 1985. Em 1983, publicou o seu primeiro livro de poesia,Raiz de Orvalho, que inclui poemas contra a propaganda marxista militante.2 Dois anos depois, demitiu-se da posição de diretor para continuar os estudos universitários na área de biologia.

 

 

 Mia Couto

Contos

  • Vozes Anoitecidas 

  • Cada Homem é uma Raça

  • Estórias Abensonhadas

  • Contos do Nascer da Terra 

  •  

Crônicas

  • Cronicando

  • O País do Queixa Andar

  • Pensatempos. Textos de Opinião

  • E se Obama fosse Africano? E Outras Interinvenções 

Romances

  • Terra Sonâmbula 

  • A Varanda do Frangipani 

  • Mar Me Quer 

  • Vinte e Zinco

  • O Último Voo do Flamingo 

 

 Paulina Chiziane

Paulina Chiziane (ManjacazeGaza, 4 de Junho 1955) é uma escritora moçambicana.

Paulina Chiziane cresceu nos subúrbios da cidade de Maputo, anteriormente chamada Lourenço Marques. Nasceu numa família protestante onde se falavam as línguas Chope e Ronga. Aprendeu a língua portuguesa na escola de uma missão católica.

 

 

Obras

  • Balada de Amor ao Vento

  • Ventos do Apocalipse

  • O Sétimo Juramento

  • O Alegre Canto da Perdiz

Rui Manuel

Rui Manuel Correia Knopfli (InhambaneMoçambique10 de agosto de 1932 - Lisboa25 de dezembro de 1997) foi um poetajornalista e crítico literário e de cinema português.

Fez os seus estudos em Lourenço Marques e em Joanesburgo África do Sul, tendo sido, entre 1954 e 1974, delegado de propaganda médica.

 

Obras

·         O País dos Outros, 1959

·         Reino Submarino, 1962

·         Máquina de Areia, 1964

·         Mangas Verdes com Sal, 1969

·         A Ilha de Próspero, 1972

·         O Escriba Acocorado, 1978

·         Memória Consentida: 20 Anos de Poesia 1959-1979, 1982

·         O Corpo de Atena, 1984; Prémio de Poesia do PEN Clube

·         O Monhé das Cobras (Poesia), 1997

·         Obra Poética, 2003

Índios no Brasil

Segundo pesquisadores, há indícios de que desde 20.000 a.C seres humanos habitavam a América do Sul. No Brasil data de 16.000 a.C, segundo escavações arqueológicas em Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Os índios vivem em aldeias que abrigam em torno de 700 habitantes. As aldeias são formadas por ocas coletivas. Cada tribo tem um cacique, que é o seu chefe e um pajé, que é como um médico para eles, pois conhecem os males do corpo e as ervas certas para cada caso. Para sua sobrevivência, os índios praticam a caça e a pesca, o extrativismo e a agricultura. Algumas palavras da língua tupi-guarani usamos também em nosso vocabulário: arara, capim, catapora, cipó, cuia, cumbuca, cupim, jabuti, jacaré, jibóia, jururu, mandioca, mingau, minhoca, paçoca, peteca, pindaíba, pipoca, preá, sarará, tamanduá, tapera, taquara, toca, traíra, xará…! Pluralidade Cultural – Índios no Brasil.

 

Dez municípios brasileiros com maior população indígena

 

São Gabriel da Cachoeira (AM) – 76,31%
2) Uiramutã (RR) – 74,41%
3) Normandia (RR) – 57,21%
4) Santa Rosa do Purus (AC) – 48,29%
5) Ipuaçu (SC) – 47,87%
6) Baía da Traição (PB) – 47,70%
7) Pacaraima (RR) – 47,36%
8) Benjamin Constant do Sul (RS) – 40,73%
9) São João das Missões (MG) – 40,21%
10) Japorã (MS) – 39,24%

 

Dia do Índio:

Para entendermos a data, devemos voltar para 1940. Neste ano, foi realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste continente foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível, pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”.

 

 

 

 

 

 

Literatura Brasileira.

 

 

 

 

 

 

                                                    Padre José de Anchieta: representante do início da literatura brasileira

 

 

Quinhentismo (século XVI)

 

Representa a fase inicial da literatura brasileira, pois ocorreu no começo da colonização. Representante da Literatura Jesuíta ou de Catequese, destaca-se Padre José de Anchieta com seus poemas, autos, sermões cartas e hinos. O objetivo principal deste padre jesuíta, com sua produção literária, era catequizar os índios brasileiros. Nesta época, destaca-se ainda Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Através de suas cartas e seu diário, elaborou uma literatura de Informação ( de viagem ) sobre o Brasil. O objetivo de Caminha era informar o rei de Portugal sobre as características geográficas, vegetais e sociais da nova terra.

 

Barroco ( século XVII )

 

Essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos espirituais. Esse contexto histórico acabou influenciando na produção literária, gerando o fenômeno do barroco. As obras são marcadas pela angústia e pela oposição entre o mundo material e o espiritual.  Metáforas, antíteses e hipérboles são as figuras de linguagem mais usadas neste período. Podemos citar como principais representantes desta época: Bento Teixeira, autor de Prosopopéia; Gregório de Matos Guerra ( Boca do Inferno ), autor de várias poesias críticas e satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes.

 

Neoclassicismo ou Arcadismo ( século XVIII )

 

O século XVIII é marcado pela ascensão da burguesia e de seus valores. Esse fato influenciou na produção da obras desta época. Enquanto as preocupações e conflitos do barroco são deixados de lado, entra em cena o objetivismo e a razão. A linguagem complexa é trocada por uma linguagem mais fácil. Os ideais de vida no campo são retomados ( fugere urbem = fuga das cidades ) e a vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a idealização da natureza e da mulher amada. As principais obras desta época são: Obra Poética de Cláudio Manoel da Costa, O Uraguai de Basílio da Gama, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu de Tomás Antonio Gonzaga, Caramuru de Frei José de Santa Rita Durão.

 

Romantismo ( século XIX )

 

A modernização ocorrida no Brasil, com a chegada da família real portuguesa em 1808, e a Independência do Brasil em 1822 são dois fatos históricos que influenciaram na literatura do período. Como características principais do romantismo, podemos citar : individualismo, nacionalismo, retomada dos fatos históricos importantes, idealização da mulher, espírito criativo e sonhador, valorização da liberdade e o uso de metáforas. As principais obras românticas que podemos citar : O Guarani de José de Alencar, Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães, Espumas Flutuantes de Castro Alves, Primeiros Cantos de Gonçalves Dias. Outros importantes escritores e poetas do período: Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Junqueira Freire e Teixeira e Souza.

 

Realismo - Naturalismo ( segunda metade do século XIX )

 

Na segunda metade do século XIX, a literatura romântica entrou em declínio, juntos com seus ideais. Os escritores e poetas realistas começam a falar da realidade social e dos principais problemas e conflitos do ser humano. Como características desta fase, podemos citar : objetivismo, linguagem popular, trama psicológica, valorização de personagens inspirados na realidade, uso de cenas cotidianas, crítica social, visão irônica da realidade. O principal representante desta fase foi Machado de Assis com as obras : Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e O Alienista. Podemos citar ainda como escritores realistas Aluisio de Azedo autor de O Mulato e O Cortiço e Raul Pompéia autor de O Ateneu.

 

Parnasianismo ( final do século XIX e início do século XX )

 

parnasianismo buscou os temas clássicos, valorizando o rigor formal e a poesia descritiva. Os autores parnasianos usavam uma linguagem rebuscada, vocabulário culto, temas mitológicos e descrições detalhadas. Diziam que faziam a arte pela arte. Graças a esta postura foram chamados de criadores de uma literatura alienada, pois não retratavam os problemas sociais que ocorriam naquela época. Os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac, Raimundo Correa, Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho.

 

Simbolismo ( fins do século XIX )

 

Esta fase literária inicia-se com a publicação de Missal e Broquéis de João da Cruz e Souza. Os poetas simbolistas usavam uma linguagem abstrata e sugestiva, enchendo suas obras de misticismo e religiosidade. Valorizavam muito os mistérios da morte e dos sonhos, carregando os textos de subjetivismo. Os principais representantes do simbolismo foram: Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens.

 

Pré-Modernismo (1902 até 1922)

 

Este período é marcado pela transição, pois o modernismo só começou em 1922 com a Semana de Arte Moderna. Está época é marcada pelo regionalismo, positivismo, busca dos valores tradicionais, linguagem coloquial e valorização dos problemas sociais. Os principais autores deste período são: Euclides da Cunha (autor de Os Sertões), Monteiro LobatoLima Barreto, autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma e Augusto dos Anjos.

 

Modernismo (1922 a 1930)

 

Este período começa com a Semana de Arte Moderna de 1922. As principais características da literatura modernista são : nacionalismo, temas do cotidiano (urbanos) , linguagem com humor, liberdade no uso de palavras e textos diretos. Principais escritores modernistas : Mario de AndradeOswald de Andrade, Cassiano Ricardo, Alcântara Machado e Manuel Bandeira.

 

Neo-Realismo (1930 a 1945)

 

Fase da literatura brasileira na qual os escritores retomam as críticas e as denúncias aos grandes problemas sociais do Brasil. Os assuntos místicos, religiosos e urbanos também são retomados. Destacam-se as seguintes obras : Vidas Secas de Graciliano Ramos, Fogo Morto de José Lins do Rego, O Quinze de Raquel de Queiróz e O País do Carnaval de Jorge Amado. Os principais poetas desta época são: Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Cecilia Meireles.

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